Frustração, tristeza, arrependimento, e por fim, desespero. Faltando pouco mais de 35 dias para o fim do ano, e com isso o fim do período de transição, o Brexit está prestes a passar de algo abstrato para se tornar uma dura realidade para muitos que vivem e outros tantos que tinham o sonho de viver no Reino Unido.
Desde aquele fatídico junho de 2016, há mais de quatro anos atrás, passamos por muitos momentos polêmicos, além de dois adiamentos, até que fosse finalmente decidida a data de saída do país do bloco europeu, em janeiro de 2020. Nesse momento, os quase quatro anos de incerteza foram transformados em uma dura e chocante realidade que, até aquele momento, muitos acreditavam nunca se tornaria realidade.
Justamente por causa das controvérsias, adiamentos e discussões muitos não acreditaram que a saída fosse, de fato, se concretizar e acabaram adiando, seja a sua regularização, seja a realização de um processo de cidadania europeia para ter direito de permanecer no país. Agora, com o fim do período de transição cada vez mais próximo, muitos se dão conta de que não há tempo suficiente para fazer um processo e cumprir com as exigências para se regularizar.
O que já era difícil para muitos, seja por motivos financeiros ou por falta de documentação para a aprovação do processo, se agravou ainda mais quando logo após a saída oficial do Reino Unido da União Europeia o mundo foi atingido por uma inesperada pandemia. Quando a pandemia começou o governo britânico ainda tinha a possibilidade de pedir uma extensão do prazo de saída, e consequentemente, o adiamento do Brexit. Mas, mesmo diante de uma situação extrema que deixou o país e o resto do mundo paralisados, o governo decidiu manter o que já havia sido acordado e continuar com a data do fim da livre movimentação e, consequentemente, o término do período transitório e a saída definitiva do país para o dia 31 de dezembro de 2020.
A chegada da pandemia, e com ela o fechamento de fronteiras, empresas e órgãos públicos fez com que o processo de obtenção do registro e do visto para permanecer no país fosse fortemente prejudicado, sobretudo em casos em que estavam no início, ou em andamento, processos de solicitação de cidadania europeia. Isso provocou não somente um obstáculo ou um atraso em um processo, mas pode ter significado, sobretudo, a inviabilidade de um sonho.
Para algumas pessoas, conseguir a cidadania europeia depois do Brexit pode não significar a obrigação de deixar o Reino Unido ou ficar proibido de vir morar no país. Dependendo da circunstância em que a cidadania foi obtida e qual o status da pessoa antes do Brexit, ainda pode existir uma opção jurídica para se permanecer no país. Outra opção é o visto de trabalho, já que as leis britânicas para esse tipo de visto serão menos rígidas após o Brexit.
Para aqueles que possuem o direito a um cidadania europeia, e que não irão conseguir finalizar o processo a tempo para poder permanecer no Reino Unido, ou futuramente conseguir um visto em outra categoria, ainda existe uma esperança. Ter que deixar o país não significar ter que deixar a Europa. De fato, ainda restam outras 27 opções de países que um cidadão europeu pode morar. Pode não ser um consolo para aqueles que vivem no Reino Unido e têm o sonho de construir suas vidas no país, mas pode ser uma saída para aqueles que não querem voltar para o seu país de origem, seja ele qual for e qual for o seu motivo.
Seja qual for a sua situação, recomendamos sempre procurar a ajuda de um profissional e estamos sempre aqui prontos a ajudar você.